Por FABIANA PANOBIANCO
Em nossas inúmeras viagens para a Europa, sempre tivemos a vontade/sonho de morar por aqui, mas sempre mantive esta possibilidade muito mais no campo do sonho do que no da realidade. Até que em 2015, em mais uma viagem, desta vez apenas para a Itália, meu marido se tornou cidadão italiano e demos um passo em direção ao sonho.
Em janeiro de 2016 tomamos a decisão de tentar passar uma temporada por aqui, mas mais uma vez a mudança ainda estava mais na caixinha do sonho do que da realidade, até que por uma motivação de saúde, precisamos nos mudar e o sonho se tornou realidade. Embarcaríamos em 5 meses e o frio na barriga só crescia, a cada mês as incertezas cresciam e os questionamentos se faziam infinitos, porque trocar algo certo pelo duvidoso?! Vocês não imaginam como estava a minha cabeça uma semana antes do embarque…
Nestas horas o comodismo bate e a vontade de permanecer onde estamos adaptados nos toma conta. Se mudar para um outro País? Ter que apreender uma nova língua, buscar novas relações, iniciar do zero em tudo, buscar aceitação, novos amigos, novos hábitos, nova casa, novo clima, uma real enxurrada de incertezas e tudo isso para que? A resposta é muito simples CRESCIMENTO, a cada segundo aqui apreendemos alguma coisa, o cérebro fica a mil, a ansiedade nível hard, mas tudo vale a pena e sabe porque? Para se manter vivo!!!
Vivo em todos os sentidos, e até mesmo no sentido literal, pois aqui você pode voltar a pé para casa as duas da manhã sem se sentir inseguro, pois você pode andar com o celular na mão sem alguém te assaltar, você pode parar no semáforo em um local ermo e mesmo assim nada acontecer. E mesmo depois de sete meses por aqui ainda pensamos que existe perigo e sentimos medo, sem necessidade, mas a cicatriz que o Brasil nos deixou é impossível ser retirada. Isso nos dá uma tristeza imensa, pois um País tão lindo como o nosso e não podemos curti-lo, pois quem comanda são os bandidos.
A vida aqui não é colorida o tempo todo como imaginamos, claro que enfrentamos problemas, mas quando colocamos na balança, a pergunta que se forma em nossa mente agora é: Porque voltar? A cada noticia lida na internet, a cada ligação para nossos amigos e parentes ficamos estupefatos com o rumo que nosso País esta tomando.
E aí vem a pergunta que não quer calar: Como ficar longe das pessoas que amamos? Difícil, muito difícil, e a culpa da distância pesa e muito. Mas tudo é parte do ônus, e temos que apreender a lidar com isso. Como já disse antes, o aprendizado aqui é constante. Sentimento de vazio e questionamentos são contínuos, mas e o crescimento pessoal, não deve ser considerado? E os benefícios da vida aqui? Tudo faz parte do jogo da vida e para conquistar algo maior, precisa apreender a abrir mão e deixar de lado velhos valores.
Neste blog contarei o dia-a-dia da vida italiana, falarei sobre o meu processo de reconhecimento de cidadania e também darei dicas para você que sonha em se tornar um cidadão italiano.
Sejam bem vindos!
