Textos da Fabiana

O clima na Itália

 

 

Por FABIANA PANOBIANCO

Quando decidimos nos mudar para a Itália, uma de nossas preocupações foi com o clima. Claro, para brasileiro habituado ao calor por 8, 9 meses e um frio de 10 graus no máximo, como seria enfrentar o inverno europeu?

Então decidimos nos mudar e enfrentar de cara o pior cenário. Nos mudamos no final de outubro de 2016 e passamos o inverno todo por aqui, pois nossa ideia era a seguinte: esta será a pior situação que poderemos enfrentar, então se resistirmos a ela resistiremos a qualquer coisa.

Claro que estávamos muito enganados, pois o inverno nós tiramos de letra. Você usa roupas e sapatos especiais, todos os ambientes são aquecidos, os trens têm aquecimento, ou seja, você como morador não passa frio. Claro que para fazer turismo a coisa muda e muito de figura!

 

Agora, uma coisa que realmente é dificil se acostumar é com o por do sol as 16:00hs, fica um pouco entediante, pois a noite fica muito longa! Outra dificuldade que enfrentei foi com o horário das refeições, porques para mim, escureceu, já tá na hora do jantar! Então dava umas cinco, seis da tarde, eu já estava com fome!

E a neve? A neve é linda! Deixa tudo mais romântico!

No dia que caiu a primeira neve do inverno de 2016, estávamos em Pusiano, uma cidade muito pequena na região do lago de Como. Claro que saímos de casa para fazer fotos e curtir a neve. E, claro, só tinha os dois tontos brasileiros deslumbrados na rua! Teve até um casal que estava chegando em casa, correndo para entrar logo e sair do frio, e parou para rir e comentar sobre os dois tontos aqui! Mas dane-se, nós queríamos viver aquela experiência, e por ali ficamos umas duas horas olhando, vendo cada floco que caía sobre nossos casacos e cabelos, fazendo fotos e vídeos, mandando para todos os amigos que estavam sofrendo com o calor de 40 graus no Brasil (hehehehhh…).

Tudo muito lindo, tudo muito divertido. Agora, no dia seguinte… os problemas começam a aparecer. A neve se compacta e escorrega muito! O cenário continua lindo, mas perigoso. Os jornais começam a relatar casos de pessoas com fraturas por queda, os idosos sofrem muito com a mobilidade reduzida, o frio chega de verdade e as prefeituras tem que se virar e limpar as ruas antes que a neve se compacte e os carros comecem a derrapar.

Por falar em derrapar, aqui fica um alerta. Os carros alugados, em geral, não são equipados com pneus de inverno (pelo menos aqui na Itália), que são diferentes dos de verão, próprios pra não escorregarem na neve. A lei italiana diz que é obrigatório o uso pneus de inverno ou correntes a bordo. Correntes? Claro que nós brasileiros não fazemos a menor ideia de como encaixar aquilo!!! Até tentamos, mas foi impossível e, claro, derrapamos umas três vezes. Então decidimos não sair mais de casa em dias com neve nas ruas e estradas, pois por mais que eles passem um trator removedor, sempre resta um pouco que derrete e forma uma fina camada de gelo invisível, mas extremamente escorregadia e perigosa. Conclusão: ficamos trancados uns quatro dias em casa. Mas, apesar disso, é lindo mesmo!

Neste ano de 2016, na região de Como (45 km. de Milão), o período de neve foi de 20 dias, sendo que tivemos neve caindo em apenas 3 dias. Depois disso, a vida vai voltando à normalidade. Mas o frio continua, e os casacos e botas ainda não podem ser dispensados.

Em março e abril o clima se torna muito mais ameno, e podemos sair de casa apenas com uma jaqueta de couro ou um casaco leve. É neste período que começamos a ver as combinações e moda utilizadas pelas italianas, porque até então só se via casaco de lã preto, cinza e um ou outro vermelho. À noite a temperatura ainda cai bastante, e para ficar na rua precisa de um casaco mais pesado. As calefações continuam ligadas.

Na segunda quinzena de abril tudo esquenta, e os casacos de lã e jaquetas impermeáveis já podem ir para o armário definitivamente. As ruas começam a ser tomadas por pessoas e as cidades começam a ganhar vida. Um ou outro bar se arrisca a montar algumas mesas na calçada e os cafés e chás dão espaço para os drinks gelados. Um dos mais consumidos aqui é o Spritz Aperol.

Noites mais quentes de primavera!

Em maio todos os bares estão abertos e com mesas para fora. O movimento nas ruas fica muito maior e os dias se tornam longos. O por do sol acontece por volta das 21:30, a moda finalmente aparece de verdade e as roupas curtas tomam conta.

Agora, em junho de 2017, uma onda de calor tomou conta da Europa, e pelo que estamos sentindo, não nos abandonará tão cedo. Gente, eu nunca gostei de calor, sempre me senti mais cansada e lenta no verão brasileiro, mas o que estou vivendo aqui nestes dias eu ouso dizer que é pior que nosso verão. As temperaturas estão chegando a 37 graus e mesmo com o por do sol as 22:00 horas, as temperaturas caem no máximo para 29 graus.

Vale contar aqui que no Brasil eu morava em Campinas, interior de São Paulo, sei que no Rio de Janeiro o calor é pior, mas só digo uma coisa… Estou com medo do que virá até o final de agosto!

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